Os anos passam e se percebe o quanto o comércio ganha vida em data festiva. Não basta o tempo natalino, o dia das mães e dos pais, a páscoa para ele, uma vez que o mundo capitalista precisa “rodar” e continuar com seus preparativos para enfeitiçar pessoas de toda parte.
Com as proximidades do dia doze chegando, comecemos a refletir sobre o efeito mágico que se perde em gasto para estabelecer vínculo com o que se diz prazeroso. Sabe-se que é simplesmente uma data e que infelizmente não é comemorada todos os dias, como deveria.
Com efeito, falar-nos-emos de amor. Onde será que ele se encontra agora? Será que ainda é sentimento? Será que é sentido verdadeiramente entre os corações ou sempre vem descolado com a promiscuidade (claro que não vem!), com o falso juramento, com a valorização do eu. Puro egoísmo pensar desse jeito. Mas namorar deveria ser todos os dias. A partir do momento em que duas pessoas dizem se gostar e querer estabelecer um elo, uma fusão, um relacionamento, um vínculo, começa-se a magia, visto que o egoísmo deixa de existir para dar lugar ao duplo, ao par, ao casal (que fizera um juramento para compartilhar emoções, sentimentos e vida em comunhão).
Por meio desse prisma, avaliemos o formato do objeto que o casal usa para ratificar seu compromisso: uma aliança. Desde o próprio namoro até a chegada ao casamento possamos ver, que muitas vezes, esse compromisso representado por uma circunferência: sem pontas, sem fim, marcando a rotatividade de duas vidas que se juntam para compor uma valsa – partitura e melodia. A partitura não existe sem melodia. Toda melodia requer notas, arranjos, que podem ser modificados, moldados, melhorados a cada dia de acordo com o tom que se estabelece para a construção diária desse sentimento chamado amor. Todo dia é dia de orquestra sinfônica. É dia de sorrir, de brincar, de falar sério, de se arrepender e de pedir perdão. É dia de se ter esperança e de acreditar em que tudo irá melhorar. Não se importando se fala ou canta como os anjos nem de fazer concessões a uma série de obstáculos que podem fazer se perder por tal emoção. Mas todo dia é dia de namorar, é dia de compartilhar desejos, é dia de distribuir flores à amada e a convidar para prestar atenção aos mínimos detalhes que se encontram ao redor: observar a natureza, ouvir os passarinhos a cantar, ver o leito do rio com sua correnteza forte a passar e saborear o melhor prato, vestir a melhor roupa e dizer sempre as três palavras saborosas que contagiam o universo: “Eu te amo!” Tudo deveria se transpor, porém palavras o vento leva. No entanto, são com as dificuldades que se constroem os melhores alicerces para um relacionamento maduro, coeso e harmônico. Toda sinfonia precisa de harmonia para não ferir aos tímpanos. E assim é o amor. Ele suporta tudo: sofrimentos, alegrias, depressão, tristeza, entusiasmo.
Aos poucos descobrimos que viver a dois é compartilhar ideal, estabelecer metas e prioridades. É, de fato, ser um só ser. Mas, infelizmente, isso tudo é utópico; pois a realidade é dura e cruel, às vezes. À medida que se encontra junto é para criar um universo onde, mesmo com dificuldades, o amor se sobressaia. Amor requer fidelidade. Será que somos fiéis aos nossos desejos de comum união? Será que a vida que escolhi a dois é realmente a dois? Será que estou maduro o suficiente para o namoro? Para namorar todos os dias? Para criar laços com a pessoa que escolhi para mim? Isso não se tem uma resposta precisa, já que cada pessoa é uma. Não se pode engendrar uma receita e dizer sigam-na. Não se pode sentir pelos outros. Não se podem julgar sentimentos, mesmo não sendo verdadeiros, porque cada um é um. O que se deve fazer é realmente senti-los e vivê-los todos os dias como cada um escolheu. Não obstante, ninguém escolhe os sentimentos, pois eles não se escolhem, mas se senti.
Em suma, cada ano que passa vislumbramos o dia 12 de junho e comemoramos em nosso país o dia dos namorados. Só sabemos que o verdadeiro amor vincula-se ao respeito, ao prazer de estar junto porque amar de verdade é compromisso. E assim a aliança se constrói diariamente, mesmo com arranhões, a fim de que cada dia seja melhor; e se não for, não se preocupe, é sinal que você se encontra com a pessoa errada. É sinal que você não teve discernimento para uma vida a dois, pois viver com outra pessoa não é fácil. Mas nada nessa vida é fácil. Seríamos hipócritas se afirmássemos que tudo são flores. Só que todo dia é dia de renovação ao amor. E se renovar requer cuidado, diálogo, bom trato, animação e bom humor.