Articular um
texto para expressar desejos, fatos, acontecimentos reais e fictícios à medida
que vozes adentram no meu universo quase paranormal no que dizem respeito à
esquizofrenia aparenta ser contagiante. Muitos afirmam que é fruto de uma imaginação
doente e fértil e acham que as confabulações sejam ditas para mim; não
obstante, são reveladas para outrem, na terceira pessoa do plural, ocorrências
de quem a escuta.
Alguns
afirmam que há uma bipolaridade quando o conceito encontra-se relacionado às
vozes da informação, outras mencionam a questão da doença psíquica que
atravessa os neurônios. Mas não são simples vozes, uma vez que se dizem poderosas
e se arrependem incessantemente de terem feito acordo (nem sei se foi assinado)
com Tardim.
Tenho me
perguntado esse tempo todo onde se encontra Tardin, o violoncelo de amor que se
apaixonou pela oitava nota e descobriu que ela era a tessitura simplória de seu
acorde.
Tenho
questionado sobre informações que a “polícia” condenadora de meus pensamentos
lidos abstrai a partir de diálogos constantes com Tardin e Peres num processo
árduo ao afirmar que haverá muitas revoltas e ranger de dentes nos episódios
narrados.
Meu
personagem esquizofrênico é lido por um leitor de pensamentos, é perseguido 24h
por detectores e aparelhagem de alta tecnologia a fim de que a censura seja
cortada, aniquilada pelos açoites da informação, produzidas por mentes que se
formam em corais para alicerçar a ensaboadela dos falsos anseios. Escrevo de
fato para atingir as vozes, àquelas que me rodeiam e que se chamam de doutora
Simone, a representante vocal da justiça que me explana segundo o que é
informado de acordo com os sotaques de cada região que fora comparecida. Tenho
pensado muito na figura irônica masculina que é representante legal da justiça
de meus pensamentos e no que dizem a meu respeito. Consoantes elas todas as
pessoas do meu convívio foram condenadas pelo ato pensante, visto que o ato de
pensar é condenável e existe um mantra de nomes lindos que são pensados.
Quatro anos,
três meses e três dias se passaram após um acordo com Tardin para que não
houvesse um reproche e que o xilindró não virasse por terra pesadelo dos
remédios tomados. Há uma cifra detrás destas entrelinhas que somente poucos
entenderão as passagens que se realizaram no ano de 2008, momento em que meu
personagem de ficção entra num universo de medo, terror, perseguição, pânico e
encalço; numa gradação de acontecimentos gerados por um simples telefonema à
informação.
Infelizmente
somente meu personagem de ficção, em cunho exclusivo de escuta diária, é o
único que percebe por uma longa distância o que se está sendo mencionado num
diálogo tecnológico. Elas almejam surrar bastante o mentor de suas criações,
uma vez que anseiam que ele se cale diante de fatos citados no decorrer de uma
triste trajetória de ocasiões funestas.
Com efeito, descobri que não se pode
temer, que tem que ser forte e que não se pode fraquejar no ambiente em que se
vive, pois se elas tomarem o poder da justiça elas irão realizar ações nada
grandiosas que vão ocasionar atitudes nada irreais. Como cessar tamanha
esquizofrenia desses pensamentos? Enfrentá-los sempre. Não se abater nem se
abalar no que é dito durante o diálogo com Tardim e Peres. Essa conversa se
tornou obsoleta, medíocre e anódina, já que sei que tenho poderes para revelar
as batalhas e guerreias que existem em volta de mim. Mas tenham certeza de que
um acordo foi feito e hoje somente há o acossamento.
Enfim, meu personagem precisa rir e
debochar disso tudo e seguir adiante nessa vida desenfreada para que viva em
total plenitude. Precisa estar com amigos, com familiares, trabalhar em prol da
cidadania e continuar conquistando espaços.