quarta-feira, 11 de maio de 2011

Metáforas de minha vida IX

É delicada a beleza das flores,
dos deuses e seus amores,
das borboletas voando no céu,
são pétalas de rosas unidas
para embelezarem a vida
e trazerem espinhos tenebrosos
de tensas sinestesias.
Ah! São as metáforas
que provocam o belo,
pois a beleza dos fatos
pouco a pouco se revelam
mostrando a literariedade
em forma de poesia
e fazer da vida uma fina flor.

Metáforas de minha vida VIII

Vai-te amor pelas estradas da vida,
leve consigo minhas poesias
entremeadas de flores do campo,
de carinho e de amor,
com muito cheiro suave de alecrim.
Faça com que as sementes
jogadas ao léu
brotem o louvor
e adormeçam a voz do cantor.
São fadas, duendes e gnomos,
sentimentalistas feito pierrô,
que enfeitam as estórias
e buscam o Maravilhoso
na canção, na magia,
na animação e euforia,
pois minha metáfora agora
é pura fantasia.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Metáforas de minha vida VII

As estrelas brilham no céu,
persuadindo todos os amores
que a elas veneram.
A lua deixa-me ansioso,
toda vez que a olho
penso na aurora boreal,
nas gaivotas voando sobre os mares
e nos lençóis de diamante das Gerais.
Sinto um imenso vazio,
pois não consigo achar teus rastros
e volto ao pranto e a dor.
Artêmis ilumina os astros
encontrados em cada metáfora.
Ela nasce, cresce,
fica cheia e míngua,
faz com que palavras
sejam ditas por cartas
de baralho cigano
para enriquecer a sabedoria dos deuses,
iluminar os rastros humanos
e transmitir conhecimentos conotativos.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Perdido nas letras

Tenho pressa de escrever
algo inusitado,
numa liturgia cheia de paramentos,
onde os sonhos
ora sejam encantados,
ora suprema realidade,
mas ando devagar
em pensamentos fugazes
com os nós que desatinam
e necessitam de força
e poder de expressão.
Estou perdido nas letras
desde a sua partida,
desde que o violino
parou de tocar a música
que poderia ser nossa.
Ando rebelde
e sem comunicação
na construção poética
de uma metalinguagem,
na criação de um metacenário,
na formatação de um ator quase cômico,
na confecção de um outro universo paralelo,
na gestação de uma nova motivação
para não desistir da escrita
nem da aparente vida
registrada nas linhas
e entrelinhas de uma mera poesia.

domingo, 8 de maio de 2011

Esqueça-me!


Por favor, esqueça-me!
Não há mais espaço
para seu contrabaixo
em minha vida poética.
Não há mais sintonia
entre o pecado e a virtude
engendrados loucamente
na tua adolescência.


Por favor, esqueça-me!
O vazio de minh’alma
fora preenchido
com um novo conceito,
com uma nova história,
com novos apetrechos
e acessórios sinestésicos,
que me elucidaram bastante.


Por favor, esqueça-me!
Nossos beijos foram desconectados,
deixados num breu,
num lugar distante,
que se perdeu nas elucubrações
e nos falsos entusiasmos.
Tudo mofou plenamente
e a simbiose se perdeu tenazmente.


Por favor, esqueça-me!
Não me faça retroceder
ao nada, ao caos e ao pó,
pois nossas almas ambivalentes
se desfizeram por meio de omissões e traições.
Não há mais gozo nem tormento
que perdure tamanho desejo.
Agora estou com outro amor!

sábado, 7 de maio de 2011

Semiose da Mãe


Pausa para falar de gestação poética, de palavras concebidas em nove meses, de primavera agindo em nós, de noivar sentimentos à medida que criamos laços de amor. Todos sabem que são apenas três letrinhas que contagiam, que emocionam, que benzem a criação quando a enfermidade espreita. Seu choro emociona o deus da vida, seu leite alimenta a esperança e produz força para vencer obstáculos nada poéticos.
Seu colo nos aproxima assim que necessitamos de uma relação de contiguidade, de puxão de orelha, de beijo no rosto e no cumprimento do quarto mandamentos de Deus: honrá-la sempre em todo momento e chamá-la pelo nome.
Com efeito, a simetria dessa mulher corresponde aos grandes e bonitos arranjos musicais e nos ensinamentos que perdura a vida toda. Sendo todo dia um recomeço, um reencontro, uma nova lição, uma nova Sherazade a contar estórias fabulosas e inspiradoras para algum sultão, uma vez que é mulher de fibra, entre a beleza, o pecado e o não de Eva e a pureza, singeleza e o sim de Maria, entre as agitações de Madonna e a delicadeza de Xuxa para com seu público infantil, entre a arte culinária e a profissão fora de casa, percebe-se a grandiosa mulher, mista de semiose e poética, de retórica e hermenêutica, já que cada uma é única estrela diante de uma farta constelação.
Por meio de uma presença constante em nossas vidas, pode-se dizer que mãe tratar-se-ia do signo do amor, visto que comporta além de um plano de expressão, há um conteúdo transcendental por trás de uma significação engendrada que coincide com a relação entre a criadora e a criatura.
Lembremos de que o signo consiste num veículo de qualquer fenômeno de semiose e esse processo funciona ao passo que a figura materna produz um determinado efeito ou suscitando uma determinada resposta nos agentes do processo semiótico: a mãe amamenta sua cria, transmite carinho e segurança durante a vida toda de seus filhos, impõe conceitos de identidades que serão construídas durante o processo significativo do indivíduo.
A semiose da mãe consiste na ação de determinar a criação de seu filho e no processo de aprendizagem que ela perpetuará e criará ao longo da vida, uma vez que a linguagem entre mãe e filho é que os farão como intérpretes de um mundo. Todo ato de linguagem, seja ela artística ou não, enquanto ato de significação, implica uma semiose, que equivale à função semiótica, propriamente dita.
Se procurarmos ter uma visão global do caminho que uma mulher percorre para criar uma criança, podemos constatar que se impõe um conceito de identidade que servirá de ponto de partida para se imaginar o que é ser “si mesmo” no âmbito sintagmático da mãe entre o filho.
De acordo com a concepção materna à qual nos referimos para falar do processo de identidade aperfeiçoado pela figura materna, podemos descrever as práticas de assimilação que um sujeito pode adquirir ao longo de sua existência: maturidade e experiência.
Em suma, mesmo que uma mulher não consiga na íntegra a participação na esfera da maternidade, ela poderá criar laços únicos de amor que suscitará vida, amizade, história e existência. Só se sabe que ser mãe é ultrapassar as barreiras de uma biografia que surgirá à proporção que o nascimento de outrem concebe novos horizontes, novos paraísos, novas poeticidade, novo valor sígnico de amor, uma nova semiose a ser definida pelo padrão semiótico de uma mulher que idealiza e inventa novas vidas.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Metáforas de minha vida VI

Como poderei expressar meus pensamentos?
Digerir os alimentos,
se não consigo ver o brilho do sol
queimando em meu peito,
que por fim rejeito
o peixe no anzol.
De longe se escuta uma música...
Orfeu toca sua lira mágica
em busca da paixão imortal.
A noite cai
e você não chega.
Só me resta a minha canção.
Ah! Socorre-me desta ilusão
que quebrou meu coração
e assolou minhas metáforas
com metonímias severas.
Quebranta-me com poeticidade,
pois preciso da linguagem
para edificar novos alicerces.