domingo, 9 de janeiro de 2011

Diários

O mais elusivo e sistemático
registro da vida.
Quase confissão!
Mero passatempo de escrita,
relato de si mesmo,
mas um memorial,
um lembrete de quem é
quando não escreve.
Uma ligação aos detalhes
insignificantes da realidade
com pontos de referência
para se encontrar
e se fragmentar
no espaço que desejar ter.
Salvaguarda de uma felicidade possível
para tecer uma trama peculiar
e inimaginável.
Deliciosos beijos apimentados,
afagos, meiguices, carícias estonteantes
escondidas num importante dado pessoal
e de vida excêntrica.
De onde vem esse afã de perguntas?
Buscando-me radicalmente
no fundo, no íntimo,
sondando-me,
trabalhando o fundo,
arrancando a solidão em mim.
Escrevo para me curar
do isolamento, do meu retiro,
do lugar solitário que me abrange em demasia
e modificar o espaço em que vivo
a fim de me surpreender
e de me apreender de entusiasmos.
Compreendendo-me,
encerrando-me
cingindo-me
na medida certa.

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