sábado, 30 de abril de 2011

Violoncelo sem cordas

Eu faço um réquiem
para me autodescobrir,
para expressar meus desejos
mais insanos e mais promíscuos
na fantasia
de um anjo sem asas,
que ainda chora
pela partida do amado.

Eu faço um réquiem
para me esquecer,
para não lembrar
do sofrimento que vivi,
das lágrimas que rolaram
no meu sofrível rosto,
do tormento e do gozo
que se esvaíram
paulatinamente.

Eu faço um réquiem
para morrer
pouco a pouco,
para sucumbir
minhas aspirações,
para repartir coração
totalmente
fragmentado
no violoncelo sem cordas,
sem notas,
sem acordes,
sem partituras,
numa semicolcheia desafinada,
onde falta o tu e o eu,
o mim e o você
na música que deixou de tocar.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Hipocrisia precoce



Que pode uma criatura fingir
ser artista de novela,
assistir a filmes pornográficos
e viver em rotação
sem sentir o prazer da ejaculação?

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Feitiço (ou quase)

Vermes das sombras,
para trás!
Não sois bem vindos
em meu coração dolorido
pelos açoites.
Sapos, salamandras,
lagartos e sanguessugas
para o jantar da realeza.
Rouxinóis voam apaixonados
e cantam o canto mais doce.
Venha, minha Rainha!
Juntos com as fadas
governaremos o Mundo Mágico
de Brogodó.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Haicai voluptuoso




Meu jeito devasso
causa sensualidade
e escrita lasciva.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Retrato de uma pena no meio de rochedos

Uma pena pára
o deslumbre dos raios solares.
Cada gesto eu me volto hipnotizado
como um girassol acompanhando
o movimento do sol.
Teu nome, algo belo
vindo dos rochedos da Itália,
era uma lua macia
e coberta de doce e singelo amor.
Parecia um mar calmo,
lembrava-me um pedaço
dos braços da cruz.
Parecia frágil esperança do rio negro
e não perdia de seu coração criança.


Hoje, segues de novo
naquela imagem de menino
no qual nem o pranto de meus olhos
consegue umedecer os clarins da realidade
ora fugidia, ora transluzente.
Algo que paira nas pedras
levam-me a crer naquela Imagem Sofrida
fotografada e copiada
em uma simples pena.
Esta guarda os maiores segredos do universo:
os sábios podem de ser de diamantes,
mas Jerusalém é de bronze,
ouro e luz.
É a cidade do Rei,
da Pena Encantada,
que se mostra
como a verdadeira fonte cristalina
e uma prece divina.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Prêmio Versatilidade

É surpreendente como a vida em comunhão entre blogs nos faz mais poeta, aproxima-nos contagiantemente numa velocidade e numa comunicação inigualáveis. Este prêmio é distribuído ao “blogueiro versatil”, aquele que transpõe sua idiossincrasia, dando forma, sabor, experiência a um eu-lírico que clama por novos horizontes e desafios metamórficos.

Minha colega blogueira Bela do blog Inconsistência Leve, que de modo gentil, enviou-me esse prêmio. Desejo então agradecê-la pela delicadeza, também pelo carinho e pelos ideais afins. Muito obrigado.

As regras para receber o prêmio estão dispostas logo abaixo:
1.Agradecer e linkar de volta o blogueiro que te enviou o prêmio.
2.Divida 7 coisas sobre você.
3.Premiar outros 5 a 15 blogueiros.
4.Entre em contato com esses blogueiros para avisar sobre os prêmios e para que eles levem o selo da versatilidade para seu blog e distribua a outros colegas blogueiros.

Então, agora, vamos aos sete prazeres da minha pessoa:

1. Sempre gostei de estudar e escrever.
2. Amo a minha profissão (professor). Lecionar é contagiante.
3. Gostaria de viajar mais e conhecer outros mundos, outras civilizações e novos amores.
4. Adoro cantar em inglês.
5. Minha grande magia são os saraus que organizo. Por isso é tema constante de análise em meu curso de mestrado.
6. Detesto hipocrisia.
7. Sou viciado em coca-cola zero e gosto muito de comida que engorda.

Pronto, Lectores! Cheguei ao final de mais uma brincadeira que vincula o simulacro da autobiografia. Agora é a nobre ocasião de indicar maravilhosos blogs. And The Versatile goes to:

Alma do Poeta -  Vinícius
Catia Bosso Poesias - Catia Bosso
Folhas de Andreza - Andreza
Novas Estações - Wanderley Elian
Faces do Poeta - Ira Buscácio

Muito obrigado a todos que leem meu blog e que passam por aqui. Felicitações aos novos propagadores desta magnífica brincadeira. A todos, meu carinho, ofereço.
Abraço fraterno,
Jasanf.

domingo, 24 de abril de 2011

Entre a poética e o lírico: a Páscoa!

Renovarei todos os vocábulos
da face da Terra.
Libertarei as figuras de linguagens
que engendram
simbioticamente
um simulacro:
a minha comunhão
com o mundo,
com o cosmo,
com o universo,
com a vida.
Mudando pouco a pouco,
cada segundo,
cada grão de areia,
cada gota de água,
cada solo,
cada gesto,
cada olhar,
cada música,
pois almejo novas todas as coisas.
Quão grande pompa tal passagem!
Modificá-la-ei com plumas e paetês,
com as cores do arco-íris,
com os cantos dos bem-te-vis,
para alcançar tamanha libertação.

sábado, 23 de abril de 2011

Cante com júbilo

Cante com júbilo em todo momento,
Cante com júbilo, minha flor de formosura!
A alegria invade meu peito,
brota nossa canção
e uma serenata surge
com maravilhosos violões
que choram de entusiasmo
e poeticidade.
Cante com júbilo em todo momento,
Cante com júbilo, minha flor de formosura!
Gritemos todos: aleluia!
Exclamemos sonetos de felicidade
para propagar beleza e prosperidade.
Dentro de meu coração
uma chama queima
por alacridade e contentamento.
Cante com júbilo em todo momento,
Cante com júbilo, minha flor de formosura!

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Paixão

Liturgicamente vermelho,
sangue escorrendo,
desejos de morte,
intensas sessões
macabras de açoites,
processo de crucifixarão,
volúpias em coroa de espinhos,
perda dos sentidos,
cumulação de sofrimentos,
atração forte pelo outro,
vontade de ser o outro,
inveja dos céus,
tormento sinestésico,
padecimentos pregados,
prisão de corações
que lutam por vida
em abundância,
forte e tensa agonia
de palavras torpes,
condenação metonímica
de endeusamento do ser
e minha morte
estampada num bordado.
Eis a fusão do meu sagrado
versus o que profanei.
E paradoxalmente
morro para mim mesmo
e para tudo que me rodeia,
pois deixei de pensar
no eu que vive em mim.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

A Ceia de Palhaços

Não quero pão nem vinho.
Farei minha própria oblação
e entregarei meus sentimentos
aos meus dozes seguidores imagéticos,
que brilham no escuro,
numa intensa luz florescente.
Eles serão os guardiões da palavra,
ora escrita, ora cantada.
Festejaremos juntos pela fé
que teima sair de nossos corações,
que adentra nossas veias,
que clama pelo alimento da alma.
Cearemos todos!
Distribuiremos coca-cola
depois que repartirmos o hambúrguer
em pequenos fragmentos.
Será o combustível da vida,
as asas da esperança,
a palavra profanada
e aclamada nos confins do mundo.
Será minha memória poética,
meus últimos gestos,
meus meros suspiros,
meu grito,
meus risos e palhaçadas
no picadeiro de um circo,
meu labirinto de questionamentos,
minha fertilidade,
já que sou Cefas,
por isso também edificarei a minha igreja:
a poesia.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

A formosa mulher

Agora se abre o céu
para a bela formosura
do campo passar.
Não há nuvens,
mas sol de rachar.
Enquanto a mulher desfila
na avenida de Copacabana,
os olhares e assobios
dos homens transformam-se
em uivos de lobos excitados.
Mulher elegante na rua
em seu salto Luís 15
brilha feito estrela
com seu vestido longo
verde-esmeralda.
Há elegância na passarela
e em seus cabelos alisados
decompõem-se em poesia
na verdadeira mulher
que transpira majestosamente
poeticidade.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Meu segundo bilhetinho

Menina...
Minha Bela Dona,
peladinha só para satisfazer
minha poética fugaz e efêmera.
Derrama em mim
todo teu orgasmo
e esfrega teu corpo no meu,
minha boca palpita
trêmula e perdida
por teu charme
contraído de sexo
e metáforas inebriantes.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Anjinho da guarda

Doce companhia,
saborosa ilusão
que ora junto de mim,
zelando pelo nosso amor.
Que vem trazer uma mensagem de paz
para o começo de nossos risos
e alegrias descomunais.
O caminho encontra-se diante de nós.
Você poderia me dizer “Olá!”, “Tudo bem?”
para afugentar a dor
que ainda sinto com ausência do meu amado.
Você sempre balançou meu coração,
em uma música melancólica
que além das notas me transporta
para um novo horizonte
misto de céu e asfalto,
que esperando os portões do Paraíso
se abrirem para diluírem meus pecados.
Lá buscarei a famosa santidade
e não me corromperei de paixões avassaladoras,
no entanto, anjos perdem o sexo,
envolvem a graça para ser de graça
para guardar o próximo como a si mesmo.
Por isso, coloque as asas e venha me guardar
e fazer meu mundo se transformar no Jardim do Éden.

domingo, 17 de abril de 2011

O Jardineiro

Como uma prece
meus versos estremecem o seu céu.
Como uma criança,
a pureza invade pensamentos
delicados, simples e cheio de candura.
Passei a cultivar as rosas de seu jardim
embevecidamente
e pronto para colher sentimentos
quase hiperbólicos.
Com cautela vou arrancando os espinhos
para não permitir se ferir
com pensamentos mórbidos.
Adubo a terra para por sementes de girassol
e mudas metamórficas
para novas sinestesias.
Cultivo emoções, desejos audazes
para atrair as borboletas
com simplicidade e rima.
Cada abelha extrairá o pólen,
verdadeiro cálice repleto
de néctar dos apaixonados.
Semeio pecado e bel-prazer
numa mesma terra
a fim de enaltecer a luxúria,
o recato e a delicadeza
de suas aulas de etiqueta.

sábado, 16 de abril de 2011

Em vez de um ponto, uma vírgula...


O mundo não pára, portanto a vida também não. Com o tempo, grávida, amadureci para seguir e completar meu destino: cuidar de meus filhos com afinco e amor. Tive que incinerar o passado e, mesmo sofrendo com ele, romper com o pecado que me sondava e que tinha me arruinado completamente.
Em falar em pecado, atravessei os sete mares que não fora planejado nem navegado antes após o término de relacionamento amoroso. Vivi, em princípio, a ira: odiei a vida, as pessoas ao meu redor e o que de fato tinha acontecido comigo. Foi duro, mas a raiva sucumbia aos extremos a ponto de não querer enxergar nada que pairava em minha volta.
Tudo conspirava excessivamente contra mim. Meu cérebro desparafusou por completo após o nascimento de minha filha. Engordei horrores e confesso que sentia náuseas e nojo de mim, mas mesmo assim procurei não transparecer e manter a mulher calma, centralizada como sempre. No entanto, por dentro tudo se corroia, encontrava-me destruída e uma mulher desse jeito e desorientada não segue a rotação do fuso horário, conforme deveria.
A ira assombrava-me tanto que enlouqueci. Era um ódio descomunal que comecei a chorar em excesso e a me sentir sozinha. A solidão ardia em meu peito de uma forma trandimencional, visto que não conseguia me situar devidamente no espaço em que me localizava. Minhas mamas pareciam diferentes das últimas gestações. Acho que a dor que havia em meu coração precisava ser exorcizada para dar lugar a uma nova pessoa, ou seja, aquela que sou de fato e que sempre encarnei no meu dia-a-dia nem sempre perfeito.
As pessoas sabiam do ocorrido, mas tinham vergonha de comentar ou de se constranger. Umas me ignoravam por completo, pois achavam absurdo uma mulher separada com três filhos prosseguir a vida sozinha. Mas gotas de raiva vinham em minha mente e, partir delas, tive que traçar uma estratégia para sobreviver e valorizar o que ainda sobrara de mim.
O tempo ia passando e percebi que não era somente a ira que me rondava, já que sentia uma preguiça intensa, vinda por meio de um efeito depressivo e angustiante. Tudo parecia remoto e traiçoeiro. Tomei vários remédios com orientação médica para me curar e sair da depressão, entretanto quanto mais os tomava mais embriagada permanecia no estado de calamidade que encontrava. Não queria viver e a preguiça naquele momento era quem servia de companheira inseparável. Confesso que fiquei dias sem arrumar a cozinha, deixando minha mãe fazer as atividades domésticas. Foi medonho pensar daquele jeito, porém era o que imaginava de verdade.
Para ser pratica, e para continuar dormindo demais, suguei, com uma bombinha, meu leite materno e o pus em cinco mamadeiras. Eu já sabia os horários que iria acordar e levantar para amamentar. Por isso parecia acordada somente naquele momento. Pois o único prazer que tinha na vida, por mais que se pense ao contrário, era ainda amamentar.
Engordei o dobro do peso que tinha. Parecia que o fantasma da gula tinha se apoderado de meu corpo e de minha boca. Celulites e estrias nasciam em mim de forma inexorável. Quando as via, chorava depressivamente.
Meses se passaram na casa de meus pais, lá era meu refúgio após ter dado a luz a uma linda menina. Voltei à minha casa. Parecia de pernas para o ar. Não sabia por onde começar, todavia, com ajuda de meus pais, consegui arrumá-la antes de retornar definitivamente. E logo digo que recomeçar é mais difícil do que começar.
Dias se passaram e algumas amigas vinham me visitar como de costume. Elas falavam dos maridos delas das relações amorosas impiedosamente. Confesso que sentia inveja da vida a dois que elas tinham naquele momento. Mas ouvia com educação toda história contada por elas. Elas sabiam que meu marido tinha me traído com outro homem e que os tinha pegado em minha cama de casal no domingo de páscoa. Senti-me fracassada e humilhada diante delas, contudo eu precisava prosseguir.
A luz surgiu em minha mente como outrora: entrei numa academia e comecei a malhar, comecei a conversar com meus amigos on line no MSN e coloquei as crianças numa creche e ainda tinha ajuda de meus pais com criança mais nova.
Um dia, sozinha em minha casa o telefone residencial tocou. Uma voz bonita e suave começou a perguntar se era a casa de Laura e eu disse que não era. Mas aquela voz não parou, pois percebera que não me encontrara animada e perguntou se eu desejava conversar e na mesma hora disse que não conversava com estranhos e que não tenho o hábito de expor a minha vida para quem não conheço. Ele me perguntou meu nome e disse que me chamava Ana. Até que me cansei da conversa e desliguei educadamente.
Pensei que não falaria mais com aquela voz, mas me enganei visto que no outro dia ele ligara no mesmo horário para conversar comigo. Achei aquilo muito estranho, mas resolvi dar uma chance ao Miguel – assim que ele se chamava – e conversamos por quase quarenta minutos.
Assim, todos os dias ele me ligava sempre no mesmo horário e quando acontecia de não ligar percebi que sentia a falta daquela voz misteriosa que tinha como objetivo me fazer bem, segundo ele.
Ele não morava na mesma cidade que eu. Um certo dia me convidara para ir a casa dele para nos conhecermos. De súbito disse não, pois tinha medo dele. Há muitos lobos em peles de cordeiro e não desejava passar por uma situação constrangedora.
Confesso que o imaginava um galã do tipo da novela das nove horas e passei a sonhar com ele em todo momento. Comecei a desejá-lo exorbitantemente e a me prender em prazeres individuais pensando em meu galã de novela. Creio que a luxúria invadira meu coração, meus desejos afloraram e me vi a gozar de tanto prazer que minha imaginação fértil me proporcionava. Nos meus sonhos eu me tratava de uma verdadeira vadia em busca de êxtase descomunal e assim viajava em busca de ocasiões sublimes e cheio de bel-prazer.
No dia seguinte pratiquei os mesmo atos litúrgicos após descobrir excelentes apetrechos numa loja que vendia produtos eróticos. Deliciei-me com cada ato impuro que me levava ao céu. Mas descobri que desejava mais que estar sozinha, e, certo dia, aceitei o convite do Miguel e fui ao Rio de Janeiro encontrá-lo. Marcamos na Rodoviária Novo Rio. Fui a viagem imaginado que ele era um galã de novela e fui delirando em meus pensamentos remotos.
Ao chegar à rodoviária, deparei-me com três homens: um magrelo, que tinha uma aliança no dedo, um gordinho com cabelos grisalhos e um bonitão sarado. Logo pensei “Tomara que não seja o gordinho porque ele é o mais feio de todos”. As horas passavam e nada do tal Miguel aparecer. Quando dei por mim somente sobrara o gordinho e ele veio me perguntar se eu era a Ana do telefone. No inicio gaguejei e fiquei espantada e pensei “Não vou dormir com este cara nunca”. Mas ele tinha uma ótima lábia, uma conversa suave e calma que me contagiou e fui passar o final de semana na casa dele. Chegou lá, ele me deixou à vontade e conversamos muito, mas ele foi tão sensível que, de repente, estava na cama com ele transando e fazendo borbulhas de amor. Nem sei como isso aconteceu, mas confesso que foram bons momentos.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Meu Manifesto

Caríssimos colegas blogueiros, eu não ia me manifestar aos desaforos que um blog em francês que me acusa sobre plágio. Realmente eu li alguns poemas em francês e fiz a tal chamada intertextualidade. Mas não com o intuito de copiar na integra seus textos. Mudei palavras, acrescentei outro olhar e outro formato. Passei a ignorá-lo. Já pensou se as pessoas não pudessem citar ou referenciar e parodiar Drummond e outros escritores? Então o que seria da mimese de Aristóteles sendo aplicado ao nosso cotidiano? Da teoria da recepção e da teoria de efeito de Iser? Quantas pessoas lêem meus textos e se inspiram em outros? Quantas correntes são criadas em inspirações mistas de poeticidade? Será que todo texto é puro? Nada serviu de alicerce para seus devaneios loucos? Não responderei a desaforos de ninguém e não estou na fase de ter que me envolver com assuntos pequenos e medíocres, até porque não sou nenhum mau caráter. Atenciosamente,
Jasanf.

Michê

Comprei teu sexo,
teu amor para uma noite,
apenas uma e mais nada.
Nossa a libido
encontrava-se frenética
com o gozo mais lauto,
mas a moeda paga
exorbitava os serviços.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Dance comigo!

Dança comigo a noite toda!
Dança comigo, meu amor!
Suas palavras se infiltram em meus tímpanos
causando grandes devaneios insanos.
Como uma valsa ao fim dos meus sonhos na adolescência
eu me lembro de sua indumentária
e você cantando e dançando majestosamente.
Quando dançamos juntos tudo é magia, mito e sortilégio.
Dança comigo a noite toda!
Dança comigo, meu amor!
Encontro-me perdido sem sua voz,
pele macia e suas mãos a me tocar.
Estou perdido de amor, minha flor bela do campo!
Então eu danço em suas canções a noite toda de novo
para que meu violão, meus dedos em cada acorde
torne uma admirável homenagem de ternura e afeição.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Sobremesa

Ouvi uma nota
que como um sonho
vem das profundezas do ser.
Ouça o rufar de tambores,
que faz meu corpo tremer.
Discernir o roubo de cobre
que flui como um grito na noite.
Ouça a esta sinfonia.
Quem dá a luz a um movimento pela paz?
O acordeom, clarinetes, contrabaixos
como exuberantes cisnes envolvem-me em família
para festejar e saborear a vida.
Jogue suas vozes roucas no céu.
Trompetes, violinos e flautas
tocam em busca de harmonizar o som
em suaves carícias desesperadamente romântica
que cristaliza meus ouvidos.
Minha pele se torna aliviada
e minhas mãos apertadas segura suas anotações.
Torna-se tão grande pompa!
Grandes e lindos sons prevalecem sobre as violas.
Em seguida, surge uma voz suave de barítono
mostrando minhas metáforas poéticas
que ele joga sozinho,
para nos dizer que estou aqui também.
Novamente eu ouço trombones, trompetes e cornetas,
depois de intensos e ritmados violinos.
De repente, os violoncelos assumem
magníficas partituras sinestésicas.
Meu corpo se transforma em música,
minha alma observa os tambores
que começam a concatenar ideias
e sonhos mirabolantes.
Eu sou um maestro!
Alternadamente pratos ou violinos
engendram o sabor da minha alma
e eu transporto meus pés metamorfoseado em sinfonia,
que se transformará em sobremesa para nosso relacionamento.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Eu estou te esperando

Fechei os olhos,
esculpindo seu rosto,
moldando sua risada
eu criei-lhe uma alma.
Em seguida desejos invadiram meu coração.
Um dia desses sonhei contigo,
mas a escultura ainda
não tinha se tornado realidade.
A esperança prospera nos corações
e invade nossa história
e a vida ganha forma.
Abri os olhos,
esperando segurar tua mão.
Um dia nossas vontades
unir-se-ão numa só carne
e as portas dos sonhos
se abrirão para a realidade,
alcançando amanhãs que cantam.
Eu estou te esperando!

domingo, 10 de abril de 2011

Sonhos fugazes

Fui ver o sol
e pedi para brilhar meu coração
neste mundo representado por uma selva de pedra,
porém, à noite, restou-me somente os raios do luar.


Não vou ficar bem com a minha ferida,
mas longe de me deixar para baixo
pedi ao Universo para me fazer acreditar novamente
que as pessoas ainda podem sobreviver.

Golfinhos lá serão irradiados
e as pessoas vão morrer em consequência da ganância de alguns.
Aqui as pessoas estão passando fome
e pessoas egoístas permanecem estáticas.


Eu pendurei meu violão na Lua.
Para mim, ele ainda toca uma melodia doce.
Se todas as crianças do mundo unissem suas mãos,
a humanidade seria repleta de realização.


Há países lá fora que produzem bombas
e destroem nosso florescer em nossos campos primaveris.
Aqui os homens estão morrendo em um beco sem saída;
Como lá, mas ninguém abre um sorriso nos lábios.

sábado, 9 de abril de 2011

Eu vou jogar as cordas

Quando o vento sopra a tempestade
procure segurar na barra
ao sentir o cheiro do mar
veja as ondas brincando com a atmosfera.


Prometo ser teu marinheiro,
vou te levar para o meu barco
e como capitão
navegaremos pelo oceano.


Velas subirão,
gaivotas voarão ao redor.
Tome cuidado para não naufragar
em emoções absortas.


Aos poucos veremos o balé de cardumes
dançando, bailando,
balançando em grande tom.
E a magia se refaz na água salgada...

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Sinfonia

Eu gosto de dançar com as palavras,
como nós dançamos no segmento da vida,
às vezes monótona e cifrada,
às vezes uma tempestade varre tudo,
inclusive as profundezas de seu ser,
desmontando-me numa contagiante reflexão
que me mostra um belo lago azul.
Você percebe que os outros
são como as nuvens
de sorrisos e meros risos maléficos
compondo cenários pictóricos
e roubando a canção desenfreada
enquanto o universo é magnífico para girar em torno do sol.
Então o mundo se abre a todas as expectativas
para contagiar o próprio mago,
através das palavras.
Você me ver por meio da cortina dos meus sonhos.
Você é um cisne branco ou preto?
Meus sonhos perderam a cor.
Longe da loucura dos homens
engendro metáforas
com a esperança de ter você em meus braços,
mas você está sonhando
com outros tipos de prazeres carnais.
Não posso sair do tom
nem mudar o acorde dessa tessitura.
Enquanto a esperança permanece para sempre
como uma sinfonia doce,
como música suave
disponível para nós até o fim dos tempos!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Longe de você

Uma história de amor
é construída em dois atos.
Além das nuvens,
além das estrelas,
além dos nossos sonhos,
longe da guerra,
longe de males,
sobre a chance de chuva fina
espalhando sentimentos loucos.
Quando a vida nos leva a este turbilhão,
além das expectativas,
faz o sonho esmorecer
e tudo desmoronar suavemente
além de seus versos,
dos seus poemas nus,
do seu sexo sobre o meu
e dos seus lábios afagando-me constantemente.
Resta-me somente as lembranças,
conto com o passar do tempo,
para abrandar a dor de sua ausência
e preencher o vazio que se instalou em mim.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

A porta

Como uma oração
acabei de soltar a minha alma.
Como uma canção
acabei de fazer o seu coração
voar como um pássaro.
Pergunto-me sempre sobre nós dois,
pronto para afagar sua mão
tomo a liberdade de expressão.

Estou no meu exílio agora,
trancado num sonho
que parece um rio caudaloso,
cheio de correntezas e redemoinhos
que me fazem afogar em mágoas.
Como um anjo,
basta me tocar
para me salvar
e voltar à vida e ao rumo certo.
Como uma melodia suave
o amor voa no vento
e me faz seguir uma direção,
num tom sobre tom,
numa palavra de afeto,
num sorriso contagiante.
E o mundo abre as suas portas...


terça-feira, 5 de abril de 2011

Sorriso

Uma canção no coração do vento
voa como um poema ritmado.
Uma lágrima escorre pelo rosto
como uma gota d’água
ressurgindo do Paraíba do Sul.
Um sorriso de uma criança,
torna-se a razão de viver,
rouba palavras
na memória de Frei Tomás.
Voa intensamente
durante o dia,
que se transforma em noite
por meio de lindo eclipse.

domingo, 3 de abril de 2011

Frenéticas

Agitado,
rumoroso,
convulso,
irrequieto,
pressuroso,
inquieto,
comovido,
estremecido
foi nosso jeito de se exprimir
diante de um mundo burguês.
Entraram no camarim,
num copo e outro de gim,
se maquiaram e se embelezaram
para homenagear o público
que lhe esperava enternecido.
Solte a sua fera,
agora chegou o momento
de cair na gandaia
e entrar na grande festa de arromba:
plumas, paetês e metáforas.

sábado, 2 de abril de 2011

Palavras aladas

Palavras aladas
perambulam como noctívagos,
batem asas e voam
em busca de um destino:
corações afoitos.
Mas uma redoma de vidro
não as deixa escaparem
nem terem seus livres arbítrios.
Tudo é perecível!
Como proferi-las com êxitos?
As bocas estão coladas,
lacradas, seladas, estampilhadas
e repletas de salivas
prontas para exprimir
variedades de sons inexequíveis.