domingo, 31 de outubro de 2010

Em busca do tom

Sufoquei-me a ponto de necessitar
de respiração boca a boca
e seu elixir me salvou da morte
fazendo-me voltar plenamente a vida
depois que meus ossos sucumbiram
de tanta dor
tive que encontrar o riso e a ironia
para delas sempre sobreviver.
Assim, fiz uma redescoberta
e criei um rap do deboche.
Caso queira entrar nesta ciranda
ou fazer parte da letra da canção,
avise-me para caminharmos juntos.
Muitos discos tocarão
e bem baixinho te louvarei,
pouco a pouco te inventarei,
criaremos, portanto, um novo amor.

sábado, 30 de outubro de 2010

Palavras de Abutres III

O tempo não pára e percebi que agora depois de efervescer em palavras, terei mais novidades e pequenas revelações sobre essas aves de rapinas que nos rodeia, ou melhor, que me rodeia enquanto P2.
Elas continuam afirmando que irei ser morto ou que levarei uma coça por causa de Tardin:
- Ele precisa ter medo! Pois vai complicar todo mundo. Vai levar todo mundo para trás das grades - dizia uma piranha de elite mostrando suas garras terroristas para abater a presa ou tentar possuí-la
Os arquétipos de possessão, aniquilação, repressão, opressão continuam concomitantemente com as mesmas jogatinas, que perderam seu semblante e efeito mosaico diante de mim.
- Ele não tem saída. Tudo que ele disser se voltará contra ele. - afirmou enfaticamente alguém típico de um policial maquiavélico, pronto com sua tropa de elite para arrebatar-me no intuito de desejar me prender.
O mais incrível nisso tudo é que descobri a válvula de escape dita por Peres quando percebi que a escrita era a melhor forma de expressão, de desejos, de vontades, de sentimentos e de expor quem merece de direito, já que lido com vermes da sombra que não têm a coragem de aparecer porque sabe que eu os colocaria na cadeia por excesso de poder e força. Lembro constantemente de todas as vozes em todos os lugares que perpasso e percorro.
Creio que minha apresentação no Seminário Brasileiro de Poéticas Orais, em Londrina, incomodaram-nos com o sucesso de minha performance num trabalho que venho desenvolvendo desde 2004 sobre saraus, mas eles insistem em dizer que este não me pertence mas a um professor célebre e doutor da Universidade Federal Fluminense chamado Latuf (grande homem e mestre), que infelizmente faleceu e não pode se defender dessa grande barbaridade e dessa hipocrisia em ações. Daí, os abutres frisaram com seus falsos teoremas de Tales que querem que eu seja reprovado do curso de mestrado da universidade e que meus trabalhos acadêmicos não são meus. Podem acreditar nisso?! Estudei quase cinco meses sobre a Estética da Recepção e a Teoria de Efeito de Jauss e Iser e percebi que a festa literária noturna do período trovadoresco não tinha sido estudada nem escrita por mim. Algo estranho. Muito estranho. Como eu sei algo que não escrevi? Como sei de detalhes que não escrevi?
Como é ridícula a imagem que tenho deles. Eles acham que me curvarei às suas vontades execráveis e que desistirei de lutar. Enganaram-se. Continuarei com o meu blog, mesmo eles tendo afirmado várias vezes que ele tem que ser deletado. Saibam que foram eles que apagaram meu primeiro blog no dia 18 de março deste ano e mudaram minha senha de email para o extinguirem.
O mais engraçado no momento que passei a vê-los como escravos de mim. Descobri que não posso me deixar afetar nem ser manipulado por eles. Eles dialogam com Tardin e Peres o tempo todo ou fingem numa pressão mórbida e constante para obterem de mim o que não condiz com a verdade. Será que há um comunicador próprio para esse tipo de conversa? Visto que eles, com suas devidas ameaças, transcritas em Palavras de Abutres I e II do mês de julho, vem fazendo, em princípio, desde oito de dezembro do ano passado, visivelmente, tais ações.
Eu sabia que indo viajar eles me acompanhariam e gastariam dinheiro dos cofres públicos para continuar com seu planejamento não somente de enlouquecer (esta já abracei com vontade) mas para manipular e reprimir para não fazer uma boa apresentação e não conseguir vencer como outrora. Agora não tenho nada pendente na universidade. Eles me atrapalham sempre em tudo o que faço e prossegue com seus falares que foram tanto. Agora não desistirei nem dos remédios que tomo, se for para enlouquecer vamos fazer da loucura a melhor e prazerosa metáfora possível. Viva a loucura e viva a descoberta do VRÁ, palavra mágica que sai do coração para compor sempre e agora meu momento de libertação.
Mas infelizmente tais pessoas não têm palavras para cumprir com suas devidas ameaças e que tudo perdeu o efeito e agora é mostrar que não me atingem como outrora. Vou ter medo de quê?! De pessoas que agem no submundo? Que somente mostram a voz? Que tem medo de aparecer para olhar nos meus olhos?
Não posso esquecer-me da ênfase descomunal que eles engendraram e me faz rir:
- Que absurdo!
Outra situação engraçada foi a mulher aos prantos (fingindo teatralmente) ao celular no Shopping Royal Plaza afirmando:
- Ele contou tudo! Agora todo mundo irá saber do que ele disse.
Com efeito, quero mais que saibam. Estou pouco me importando se irão saber ou não. Mas como dizia uma grande amiga vamos encarar olhando no olho. Demais, a história se contará no manifesto que escrevi para eles em breve. Não percam as cenas dos próximos capítulos.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Itaocara, canção de exílio


Minha terra tem mangueiras de índio
onde voam os pardais,
de galho em galho
- ate chegar ao topo da Serra da Bolívia -
até ficar sem dinheiro, sem emprego.


As aves, que aqui murmuram,
sozinhas, ao relento,
sob o céu poluído, sem sol e estrelas
transformando a Avenida Roberto Silveira
em matança, à machadada,
pelo ciúme do silêncio dos inocentes.
Os contos de fadas têm mais flores,
mas nossas vidas mais amores.


Minha terra tem primores,
que traduzem as patrícias belas
dos lusíadas da vida,
da infância corrompida
pela miséria, pela economia fétida,
de um mero feijão com arroz.


Minha terra tem encantos
de Recanto da Saudade
aos extratos minerais
que se vão e não voltam mais.


Ao chorar sozinho, neste conflito,
penso, medito e reflito,
sem oferecer um manga
- nenhuma outra fruta -
pois custam cem mil réis a dúzia.


Ai quem me dera comer de verdade um cajá
e ouvir o samba brotar
na Aldeia da Pedra
como dizem os orixás.


Não permita Deus que eu morra
pelos pecados de Frei Tomás
e possa chegar a velhice
usufruindo toda esta imagem bucólica
que não encontro por cá.



terça-feira, 26 de outubro de 2010

ana


ana
jardim
ana
jasmim


cantou
bebericou
amou


sofreu
enlouqueceu
mas viveu


ana
como mulher do zodíaco
foi para um país paradisíaco
ao encontrar a luz
que reluz


a hortelã
a maçã
que virou fã


de rock’roll
na cidade onde logrou


ana
virou artista de cinema
que não gostava de gema
somente da ema
por isso teve eczema
e um grande edema


mas lubrificou.

domingo, 24 de outubro de 2010

Sinfonia do Adeus


O amor foi embora
expressando-se com seu canto de despedida,
pois não soube olhar nos meus olhos
nem se comprometer com o coração.
Parecia uma Mãe-de-lua triste, infeliz e inacabada.
O que é a essência dessa musicalidade impenetrável,
obscura, analógica e incomunicável com sua espécie?
Fui para o meu camarim trocar de roupa
já que somente me cabia o choro, a dor e as lágrimas.
É difícil mencionar e viver na íntegra
a palavra ADEUS.
Mentiras, desajustes,
falta de coesão textual,
liberdade de se conectar a um novo universo
apodreceu e sufocou meus pensamentos.
Tudo mofou verdadeira e novamente.
A dificuldade penetrada de forma intensa
necessita-se esvair, gritar e se libertar.
Há uma ferida aberta em mim
que ecoa e me corrói paulatinamente
num formato pequeno de poéticas orais.
Agora não há mais performance
nem o sentimentalismo piegas dos românticos,
mas a realidade nua e crua do adeusar.
Terei que me reinventar
e morrer para mim mesmo,
nas extensas teogonias de mim
e me livrar e me libertar
dessa paixão sedenta,
execrável e inexorável.
O violoncelo se quebrou hoje,
as cordas romperam e não pude
ouvir e contemplar mais a alegria.
Minhas mãos calejadas sentem
a aspereza de pensar em virar a página
porém o mundo gira
e meus pensamentos reagem
a fim de enfrentar o porvir.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

VRÁ!

Idade do VRÁ
diz o sábio Marinaldo
eloquentemente.

domingo, 17 de outubro de 2010

Oscilação

De repente seus beijos oscilaram
e você partiu meu coração
em três partes:
uma levou consigo o melhor de mim,
outra ralou até deixar de existir.
Mas tive que guardar um pequeno pedaço
para algum anjo abençoador
e que devorasse meus pecados
a fim de me transformar em outro ser
à medida que virasse a página da dor.
Falta-me tudo nesse momento:
alegria, entusiasmo, carinho.
Entregar-me-ei aos devaneios
sedentos do sexo sem paixão
e aos prazeres de uma taverna.
Beberei aquele vinho de outrora
quando não aguentar mais.
Acho que os copos serão muitos,
pois pretendo criar grandes e loucos
momentos ébrios.
Não vou aguentar o adeus,
uma vez que tudo perdeu o valor
e sua ausência dói,
machuca-me e feri arduamente.
Como escapar de ti?
Como fugir dessa angustia que me ronda?
Como abduzi-lo novamente?
Não tenho mais o poder de sedução.
Tudo escapou, fugiu de mim
e mofou melancolicamente.
Como recomeçar
se não cumpriu com sua palavra?
Engodos nos afastaram.
Mais uma vez me apunhalou
e tive que esquecer de me esquecer
já que não consegui te conquistar.


sábado, 16 de outubro de 2010

O mar

Na imensidão de Meu Deus
quanta plenitude escondida
e quanto mistério há naquelas
águas alcalinas,
salgadas e frias,
cujas ondas arrebatam-me
feroz e deliciosamente.
As cordas de aço choram blues,
O vento forte de Rio das Ostras
serpenteia meus cabelos
e descubro-me enquanto
Pescador de Ilusões.

Plenitude

Como é plena a beleza do mar. Infinito e majestoso por natureza. Aos poucos o vislumbro ao som de uma vitrola, cujo regente são as próprias ondas. Elas estouram ao som da música e me enfeitiçam a adentrar naquele abismo feito de águas. Aos poucos equalizo palavras ao som de Pitty e me redescubro por inteiro à medida que vejo barcos ancorados a minha espera para redescobrir grandes profundidades.
O vento na praia balança meus cabelos. Realmente, Baby, valeu a pena, visto que praia combina com sol, água de coco, violão, biquíni, areia e com gente versando metáforas cantantes e dançantes. Tudo é puro encanto!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Haicai do Professor

Com lápis na mão
ensinou enquanto Mestre
e mudou o mundo.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Dançando na chuva

Eu danço, danço, danço
Eu danço sem parar
Dançando na chuva
Pra poder te alcançar.
Eu danço, danço, danço
Eu corro sem parar,
Dançando na chuva
Mas um dia eu chego lá.


Eu vou te encontrar
Pra você dançar comigo,
Eu sei que vou te encontrar,
Eu vou te amar!
Dançando na chuva!
Texto escrito e musicalizado aos 13 anos de idade, na década de 80. Num tempo em que minhas poesias nasciam da música: com corpoeticidade, performance e muita oralidade inocente.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Avareza 3




Percepção escassa
para economizar
bens e sentimentos

Avareza 2




Um apego sórdido
às palavras execráveis
mista de dinheiro.

Avareza 1




Medo de faltar
todas palavras mesquinhas
e matéria prima.

domingo, 10 de outubro de 2010

O ovo

Às vezes demoramos a perceber as situações que se encontram ao nosso redor. E quando as percebemos, refletimos a ponto de imaginar como o ser humano, em atitudes, muitas vezes, é sórdido.
Para alguns deles não basta sugar a matéria da alma, eles necessitam expandir tais gestos e ir além deles.
Infelizmente deparamos com aquela pequena história de um homem que acha um ovo no meio do caminho e inebriado com o formato e sua cor diferente, pega-o e leva-o para casa. Com o passar do tempo, o ovo é chocado num recipiente elétrico, e ao invés de ave – algo que aquele homem esperava – nasce um lindo filhote de serpente, mas enfeitiçado pelo mesmo, resolve criá-lo. E assim se dá o falso clímax, visto que o tal filhote lindo o mata.
Quantas vezes nos deparamos com tais serpentes em nossas vidas e custamos enxergá-las como tal? Quantas vezes elas nos sugam, retirando com seu veneno o melhor de nossas vidas? Quantas vezes sorrisos hipócritas aparecem em nosso dia a dia para mudar rumos e causar devaneios enganosos? Quantas vezes a vida se torna amarga, sem sentido, sem nexo, depressiva porque engendraram uma trama ardilosa, maligna por grandes falsos biltres?
Com efeito, são tantos os questionamentos que fazemos quando passamos por tal situação que só conseguimos ver depois que a tempestade, com suas águas poluídas e saborosas de fel, acontece. Isso se não formos apanhados por ela e levados a novos rumores e acontecimentos banais.
É assim que sobrevivem aqueles que vivem na sombra. São onagros por natureza, pois precisam do nosso sangue e também se enraizar de sentimentos para nutrirem seu ego e fazê-lo crescerem. São, portanto, ardilosos. Agem com cautela, malícia e sabem o que querem realmente.
O mais triste não é se deparar com a serpente em si, entretanto com a frigidez e o prazer mórbido em transformar tudo que se encontra em volta em pó ou meras migalhas.
Esse contexto é triste e acredito que muitas pessoas já se decepcionaram na vida e acharam casualmente por uma serpente em seus caminhos ou se transformaram em uma para se defender das barbaridades que o mundo nos causa. Ou pelo prazer de ludibriar vítimas. Eu não quero ser serpente jamais, nem o ovo que ela nasce, nem o homem admirado e enfeitiçado, pois não quero me deixar levar pelas aparências nem pela publicidade que há em minha volta. Quero ser eu. Autêntico. Único. Exclusivo. Verdadeiro. E pronto para a batalha. Sei que terei que escolher melhor as armas, porém não deixarei o meio-amigo prevalecer sobre mim nem me permitirei passar por tal situação mais. Serei o forte, destemido e corajoso Perseu e matarei a Medusa sem oscilar, com habilidade e respeito aos deuses, pois não me permitirei virar pedra nem qualquer substância do gênero para que o inimigo em pele de cordeiro vença.
À medida que há verdade e respeito em qualquer relacionamento, tudo suporta e enfrenta. Não se permita sofrer sozinho. Some parcerias e divida-se com mais alguém a fim de que se liberte do veneno da serpente, já que ele pode ser mortal enquanto dure. Seja feliz! Brinde a felicidade! E tenha cuidado com os répteis venenosos que circulam por aí.

sábado, 9 de outubro de 2010

Haicai real

Procura-se rei
para suave retórica
e melhor política.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Escureceu


Escureceu
e a poesia morreu hoje.
Não haverá mais valsa
nem tessitura alguma.
Chove ácido lá fora
e somente se percebe o vazio da alma,
pois a dor me deixou
com os lábios tortos.
Não há mais ranger de dentes,
já que começa hoje meu dia de finados.
A hipocrisia das aves de rapinas
não me assustam mais.


Mesmo sendo poeta
não se consegue mais ser
alegre ou triste,
visto que a pedra de Drummond
massacrou-me com suas metáforas ambulantes.


Não quero pensar
nem escrever devaneios,
nem mentir para meu coração,
nem poetizar o horizonte,
nem comentar as belezas das flores,
nem falar de assuntos piegas e românticos,
nem da falsa pregação de paz neste universo,
nem do código de barras que fora estampado
na minha testa,
afirmando: “imagem codificada, anulem-na
com toques de celulares”.


Nem Peres nem Tardin
falam como outrora,
pecam em demasia
e escondem entre a tripulação
dos transeuntes a essência de tudo,
sublinham meu saber,
fingem muito
e agem como se nada aconteceu.


Há alteridade em minha volta,
por isso não quero ser poeta
nem inventar versos brancos ou rimados.
Ainda busco a mim.
E mesmo não me encontrando,
detonarei todos os fantasmas que me rondam
para chegar a um grau maior de felicidade e liberdade.
Nem que tenha que matar todas as entrelinhas da esperança.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Haicai da hora!




Bate meia noite,
cobiço momentos loucos
e digo meu bem.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Moda Corajosa

Tardin dos meus pecados
Tardin, violoncelo do amor...
Violarei nosso amor...
Não sei qual é o propósito
desse ardor missionário,
mas sinto o peito aquecer
queimando-me paulatinamente.
Nada há de ter fim.
Amar não é desrespeito.
Eu sofro com tua ausência
e sinto falta do teu abraço,
da tua boca na minha boca.
Tardin, nosso último encontro
será arquivado para sempre
na minha memória.
Que terça-feira magnífica!
Tua voz me chamando
de meu porquinho-da-índia
ainda sussurra em meus ouvidos.
Não me esqueço de ti em nenhum momento.
O meu corpo encasquetou
com a malvadeza do amor.
Desventurado os coiós!
Que bonito tu és!
Faça dessa paixão uma obra prima,
faça desse desejo realidade suprema,
um lindo bordão.
Não seja perverso comigo!
Loucura! Cobiça! Êxtase!
Teus cabelos loiros me encantam.
Tardin, meu violoncelo de amor!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Haicai de um viciado em refrigerante 3

Com todo aroma
prazeroso, excitante,
vira poesia.

Haicai de um viciado em refrigerante 2




Meu vício calórico
me estraga fortemente.
Abusa de mim!

Haicai de um viciado em refrigerante 1



Toda coca-cola
entra rasgando meu peito
em suaves doses.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Poema Nu

Desnudar cada verso para construir nossa história.
Transfigurar toda hipótese de emoção
e contrariedade.
Transladar a espada
cujo afinco privilegiado de desejos
fora cortado, rompido
de forma sutil, fugaz e efêmero.
Não há dor exalada aqui
nem vazio, nem alma, nem coração.
O que há é uma perfeita gradação poética?
Ansiedades voltam e se revoltam
a ponto de rasgar o véu
e arrancar todo teu paramento verde-esmeralda.
Desobstruirei sentimentos loucos
e abrirei fenda ou buraco em teus seios belos
a fim de desfolhar tua beleza.
Despir-me-ei sinestesicamente
para encarar tua face fiel e verdadeira.
Tirarei a bainha de tuas vestes
pouco a pouco,
para usufruir de prazeres loucos,
nosso amor!
O único remédio brando e suave
para ti é o meu sexo no teu sexo.
Ele será a cura de tua depressão e angústia,
o desassossego intrínseco
de pensamentos mórbidos,
a tua clara alegria
e teu magnífico entusiasmo desta paixão.
Dormirás em meu colo
e acordarás no paraíso.
Amém.

domingo, 3 de outubro de 2010

Dialética e estética

Nada de simplicidade com os vocábulos, mesmo que se façam argumentações em silêncio para não ferir o semelhante ou empregue lindos versos para suprimir desejos do coração.
À medida que desperta nas pessoas o belo, se constrói um pequeno palimpsesto: método fervoroso para curar o saber e inserir uma engenhosa ideia aprimorada por cima de outra. Teses são criadas em prosa e em verso para somar e discutir palavras, sentimentos, pensamentos e desejos da alma. O que desperta o belo em nós? Pecado ou virtudes? Ou ambos entrelaçados numa simbiose desvairada?
Retóricas são engendradas poética e metaforicamente para ludibriar o outro ou para favorecê-lo em todos ou quase todos os contextos que a dialética nos propõe. Pura lógica subtil! Pois no campo sintagmático tudo se aprimora a fim de embevecer qualidades e moldar grandes ações, grandes tons verbais coesos e coerentes, já que eles dão existência à escrita e à mensagem que ela se propõe a desvendar.
Em suma, tratar-se-á de uma grande e profunda arte cênica do raciocínio ao se tornar o reverso daquilo que se pensa e que se deseja refletir, uma vez que toda dialética manifesta-se a estética do saber alicerçada por altíssimo conhecimento morfossintático e dissertada no mais alto grau de vicissitude refletida na temática que fora escolhida. Que bom! Tudo é complexo e prolixo mesmo. Não se pode ser simples sempre ao seguir um parâmetro estético. Nem sempre a criatividade e a originalidade estão entrelaçadas no mesmo campo lingüístico, no entanto elas recriam o que já está pronto dando outra performance e outra capa. Assim, o desempenho dependerá da boa leitura e da excelente técnica aprendida, visto que do vazio nada se vem, poder-se-á até mantê-lo como vontade própria, mas o que vale é a experiência que conquistamos todos os dias.

sábado, 2 de outubro de 2010

Gula 3




A sofreguidão
instalou-se em meu ser
e me fez pecar.

Gula 2




Digiro palavras
para comer e beber
minhas fantasias.

Gula 1



Palavras famintas
por excessivas vontades
em provar comida.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Amor

Sinto tua boca suavemente em meu corpo.
Desejo-te, mas não te amo.
Penetro-te e enlaço-te com meu sêmen.
Fecho os olhos e vejo o revoar dos pássaros
e tua pele, cautelosamente, incendeia-me.
Seu amor envolve meu coração
fazendo-o palpitar a cada segundo.
Sinto tua sensualidade vagando em pensamentos
e meus sentimentos enlouquecidos pelo seu sexo
faz-me lembrar da comida que já tive.