segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Prima Vera!


Vera encontrava-se ébria e animada para adentrar no recinto. Algo mirabolante iria chegar depois do dia vinte e três. Seria sua prima, repleta de flores e entusiasmo? Não se sabe... o frio ainda paira nos confins da terra. Ela até tentou regar suas plantas com o pó do pirlimpimpim da Emília, mas a Cuca tinha lançado um feitiço para que o inverno prolongasse em outras estações.
Saber se adaptar ao ambiente requer malabarismos e cuidados. Não é fácil enganar o frio que nos aflige com sua secura em lábios tortos. No entanto é preciso florir! É preciso virar a página da ignorância e penetrar no recinto da sabedoria. Algo contagiante almeja se multiplicar e rejuvenescer corações. Eis a metáfora da prima Vera! Florida, florescente, contagiante, sinestésica engendravam-se gradações de perfumes que se embrenhavam nas narinas calorosas: um falso odor com florais.
À medida que o vento suave e frio, num teor forte e mórbido, perpassa as barreiras das fossas nasais, tudo se escandaliza em poesia, imagem, som, gosto e luz. Esta organiza os raios solares tecidos com a figura de linguagem de aquela. Nasce o entusiasmo. Entretanto é necessário parir emoções nada fugazes para embalar a mão que cuida de novos saberes.
Enfim, enquanto o frio não nos deixa, todos esperam a chuva de prata que regará a nova estação.
Seja bem-vinda prima Vera! A nossa musa floral!