domingo, 28 de agosto de 2011

Persona(gem)


O tempo passa rápido e percebo que determinadas situações são únicas de serem vividas. Novos personagens ganham um novo enredo, novos conflitos e um clímax que mostram um magnífico eu. Irei ser outra pessoa. Não quero mais o figurino de sempre nem a mesma oratória.
A metástase foi lançada entre todos que vivificam a arte lida e a ideia contagiante da escrita. Figuras de linguagem proclamam elipses, metáforas e grandes alegorias, visto que me transformo num outro ser e assim ganho nova vida, com uma importante história para tecer o maravilhoso das palavras vãs.
Bate um vazio em mim! Porque a poética não chega ao meu coração nem na minha alma. Tudo se esvai e desmorona facilmente com vocábulos tortos que exalam eroticidade. Quero também de volta o Neruda que você me tomou e não leu, já que a vida translúcida perpassa horizontes amorosos.
Rasgou os sete véus que vinham sobre meu rosto. Tenho vergonha de mostrá-los e a burca prenderá minha beleza e esconderá a falsa estética que há em minha religião. Arrasto as correntes do pecado a fim de que possa me surpreender com lisonjas e sofrer com a escravidão e minha negritude. Temo a morte, o poder dos policiais corruptos e da falsidade das pessoas. Não obstante, tudo é efêmero e fugaz.
A tenacidade da vida engendra-me grande paladar e meus olhos já não podem enxergar mais. Meu batimento cardíaco acelera, porém me descubro calmo e volátil com sua partida.
Enfim, cabe agora buscar-me nas entrelinhas de um passado ofuscante que se perdeu. Tudo realmente mofou, escureceu e virou pó, todavia há um novo momento de brilho no ar; portanto, cabe, a cada um, a conquista dos atos e receber os aplausos no final da peça teatral.