sábado, 11 de abril de 2015

Telescópio

Uma luz emerge do horizonte
para dentro dos olhos tímidos de um palhaço.
Os pássaros cantam e brincam
em volta de uma fonte.
Sei que aonde ele percorria
numa noite glamorosa de outono
um novo caminho
além do céu brilhante
repleto de moedas
encontradas no retrato antigo
que ofuscava o brilho do arco-íris
no final de uma jornada
uma despedida.
A prisão se descose em tecidos
de crepes e linhos
a serem costurados e emendados
num mosaico os arranjos de uma canção,
na construção desenlaçada de um adeus.
Numa subida escorregadia
uma mão terna me segurava
e dizia “Filho volte!”
O lar estava dentro de mim.
Posso apreciá-lo por um telescópio
o retorno à casa poética.



sexta-feira, 3 de abril de 2015

Cegueira de um predecessor


Na alma
Da informação
Na voz torta e estridente
Na leitura que vem na contramão
Na mudez sofisticada
Dos gêmeos petrificando Ela
Sofismas arquitetônicos
No formato de Castelinho
Quem vem sordidamente do âmago
Gerando pensamentos tortos e sub-reptícios
Alterando, assim, a emoção
No paladar
Da dança das cadeiras
Da pureza Osteogênica
De uma diva
De uma santa
em busca da procissão do Senhor Morto
de uma puta revestida em delegacias
onde a cama
transubstancia-se em oblação
Faroeste caboclo
A entremear o tato por uma falsa mão
Uma síndrome a cavalgar em pânico
Para se parafrasear os olhos
E um deserto em flor
Murchando o tempero
Dos filmes policiais
Esvaído pela hipocrisia em chamas
Porque nunca houve amor.