quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Arte ou não?!


Arte comedida, dolarizada,
encantada pelas butiques friburguenses,
ensaiada aos prantos
pelo Morro do Pombal.
Seus versos pavorosos encantaram no Poço Feio
ao revelar a mística gramatical
e a doença renal.


Arte futurista, cheia de graças,
igual aos artigos do Rio Bengala:
fétido, cheio de fome, miserável;
uma linguagem coloquial:
detestada, complexa à panela de pressão,
linguaruda ou não, é arte.


Arte de galinhas, animalescas,
vulgares, barulhentas e enjoadas.
professora do Frango Legal ou não,
sempre será arte... dos mamutes,
dos rinocerontes, das avestruzes....
São todas ridículas! Pobres!
Mas semanticamente ricas.


Arte sem graça, mista de palhaçada,
sem soneto, sem artista,
sem cinema, sem canção.
Arte verde-amarela, dos cambistas,
feirantes, carnavalescos e muito mais.
Um modernismo diferente,
sem rima e seus ais.

Arte policial, corrupta, perigosa,
cheia de laços cor-de-rosa na ficção,
bisbilhoteira, excessiva
de podres poderes,
das fofoqueiras dos celulares,
dos mitos medíocres a imaginar vingança,
os abutres da vez na adjetivação
contida nos ideais modernistas.


Arte dos peixes, da vida sexual,
ambígua, econômica, sentimental,
aquarela febril,
jornalista, sutil e irreal.
Aquário romanesco da desilusão,
Tubarões de ideias
a profanar e a devastar ambientes
sem significados,
sem item lexical.

Arte metafórica, nupcial,
expressionista, bagunceira
marginal e estrangeira.
Pegue a toalha. Enxugue o rosto.
Pois nesta cara sem vergonha
que mora o safado
da arte pessoal.

Um comentário:

  1. Olá,

    Arte ou não? Respondo que é arte. Este texto brinca com as propostas do movimento modernista, o que o deixa ainda mais belo. A partir da sobreposição de imagens, um todo é formado.A escolha das palavras caracterizam bem o que elas querem definir, ainda que sejam apoéticas e causem estranheza aos olhos mais sensíveis.

    Belíssimo texto!

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