Quantas cores os palimpsestos da memória remetem-nos? São infinitas pérolas negras, porém encontrá-las tornam-se difíceis. Com um pergaminho que investiga a memória há a capacidade de traçar as melhores estradas que iremos percorrer, embora a pedreira ou o asfalto limado não nos permitam.
Mesmo assim, delineia-se cada pessoa a sua devida inscrição, moldando-a da forma que lhe apraz e que lhe convier.
Aproxima-se o grande ensejo de fotografar a vida, de escrever em cima das rasuras e dá outro formato a letra, de substituir o feio pelo belo ou vice-versa, de examinar novas catáforas e valorizar o hipertexto, pois a cada ser lhe é dado o poder de reescritura e transformação.
Ásperas, espinhosas, trabalhosas, arriscadas serão as construções desses palimpsestos, uma vez que se modificam os ares e tudo o que atravessa. Tal estrutura traduzirá o desejo mais íntimo, escondido e resenhado por meras partículas a fim de que cause uma linda derivação imprópria.
Enfim, somente perdurar-se-á a trama sincrônica e diacrônica da linha da vida, pois caberá se impuser o ser sobre ele mesmo e sobre o que o rodeia. A argamassa do palimpsesto é re(criação) imagética, puro delírio, suaves quimeras cujas ações se concretizam à medida em que se dissipam e se misturam ao que é realmente vital.
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