segunda-feira, 22 de março de 2010

Tributo ao Tamarindo













Acético, cítrico, tartárico,
forma agridoce de se lambuzar em ácido
geram devaneios loucos
ao tocar os lábios.
Teu azedume paira uma substância
análoga à própria ânsia
Tuas flores hermafroditas amarelas
ou levemente avermelhadas
se reúnem em pequenos cachos axilares.
Ao degustá-lo
o paladar se permuta,
se transforma e se mistura à língua
num puro deleite, gozo, desejo excêntrico e mórbido.
Desmedido vestígio de toques,
polpa afrodisíaca do pecado
cujo coito inebriado e embevecido
copulam e bolinam entre si.
Málico, hiperbóreo, fitoterápico,
sente-se ao beijá-lo.
Irradia corações com proteínas e aminoácidos.
Saboroso fruto diabólico do prazer,
êxtase supremo dos anjos,
estimulante semiótico
que enfeitiça-nos com um simples contato
boca a tamarindo.
Puro bel-prazer semântico!
Ósculo santo!
Frenesi imprescindível!
Oh! Tamarindus de nossa pátria gentil!
Enlaça-nos com teu sabor,
perpetua-nos com tua acidez inexorável,
exaure-nos com tua magnificência,
enleva-nos com as delícias paradisíacas,
incita-nos com teu forte teor de glicídios
e nos faça um só elemento humano-mineral.
Sacramenta-se, enfim, o verdadeiro processo de transubstanciação.

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