quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Itaocara, canção de exílio


Minha terra tem mangueiras de índio
onde voam os pardais,
de galho em galho
- ate chegar ao topo da Serra da Bolívia -
até ficar sem dinheiro, sem emprego.


As aves, que aqui murmuram,
sozinhas, ao relento,
sob o céu poluído, sem sol e estrelas
transformando a Avenida Roberto Silveira
em matança, à machadada,
pelo ciúme do silêncio dos inocentes.
Os contos de fadas têm mais flores,
mas nossas vidas mais amores.


Minha terra tem primores,
que traduzem as patrícias belas
dos lusíadas da vida,
da infância corrompida
pela miséria, pela economia fétida,
de um mero feijão com arroz.


Minha terra tem encantos
de Recanto da Saudade
aos extratos minerais
que se vão e não voltam mais.


Ao chorar sozinho, neste conflito,
penso, medito e reflito,
sem oferecer um manga
- nenhuma outra fruta -
pois custam cem mil réis a dúzia.


Ai quem me dera comer de verdade um cajá
e ouvir o samba brotar
na Aldeia da Pedra
como dizem os orixás.


Não permita Deus que eu morra
pelos pecados de Frei Tomás
e possa chegar a velhice
usufruindo toda esta imagem bucólica
que não encontro por cá.



4 comentários:

  1. Gostei de Itaocara - não sei se essa era a intenção.

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  2. olá...gosto muito de itaocara,para passear rsrs excelente para descansar,tudo de bom...
    bjs um forte abraço vc está de parabéns com suas postagens,o qual nos leva a viajarrrrr...rsrs

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  3. Belo trabalho de intertextualidade! A crítica presente no seu poema revela talvez até mais amor ao lugar do que o do Gonçalves Dias.
    Abraços.

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  4. Olá,

    Meu nome é Adriane e também sou finalista do Prêmio Top Blog, na área de SUSTENTABILIDADE. Se quiser dar uma olhadinha, segue o link:

    www.cpeaunesp.org

    Se gostar e quiser votar! XD
    Obrigada e boa sorte.

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