sexta-feira, 4 de junho de 2010

Alteridade em mim

Mundo distante,
cruel,
sem nome,
sem rastro,
que apodrece vidas
e onde o amor se esvai.
Esquecer dói!
Num tom ébrio
sinto o desvario ardendo em chamas.
Não consigo lutar!
Febre mórbida!
Loucura insana!
Onde se perdeu minha identidade?
Quem me roubou de mim?
Devolva-me.
Por que tanta alteridade em mim?
Não sou nada: nem pó nem vazio.
Talvez seja o absurdo
da mente de um biltre alienado,
aniquilado e metrificado pelos açoites.
É a solidão que arde em meu peito
que escreve.
E sinto que estou cada vez
mais próximo da morte.
Para quê? Nada faz diferença em mim!
Estou vulnerável ao nada, ao vazio, ao caos.
A morte tornou minha psicologia neste momento.
Pena! Tornei-me insignificante:
sem fome, sem arte, sem cor, sem perfume, sem luz!



Um comentário:

  1. "Tenho tanto sentimento
    Que é frequente persuadir-me
    De que sou sentimental,
    Mas reconheço, ao medir-me,
    Que tudo isso é pensamento,
    Que não senti afinal.

    Temos, todos que vivemos,
    Uma vida que é vivida
    E outra vida que é pensada,
    E a única vida que temos
    É essa que é dividida
    Entre a verdadeira e a errada.

    Qual porém é verdadeira
    E qual errada, ninguém
    Nos saberá explicar;
    E vivemos de maneira
    Que a vida que a gente tem
    É a que tem que pensar.
    Fernando Pessoa

    Poema forte!! Eu diria..acorde..ja nasceu um novo dia!!
    Parabéns pelos seus poemas!!

    Ma Ferreira

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