Simplesmente há morros em minha volta. Nunca imaginei escrever dentro de um ônibus com pessoas desconhecidas falando, rindo, ouvindo música em seus MPs.
A paisagem bucólica de Laranjais conquista-me com seu verde ressecado. Uma campainha horrorosa toca para avisar a partida. De volta à estrada, a letra estremece devido ao movimento do veículo coletivo. Pessoas de todas as idades entram e saem a cada lugar que passamos.
É interessante assistir aos cavalos galopando pela estrada de terra, ao gado em seu pasto se alimentando, aos trabalhadores cultivando a terra e às belas árvores pelo caminho. Tudo é uma perfeita calmaria em movimento. Parece arte primitiva querendo se transformar em roça, desenhando, ponto a ponto, a natureza. Isso leva-nos a crer que a vida pacata e simples do campo era valorizada para mostrar a beleza natural dos grandes poetas neoclássicos.
À medida que a viagem acontecia, a grande aventura árcade se realizava e nos fazia penetrar no mundo de Alberto Caeiro, o grande Guardador de Rebanhos. Há metafísica o bastante para penetrar o cotidiano simples de cada ser, já que retrata o ser humano em sua essência.
Aos poucos, com o movimento excessivo do ônibus percebo a realidade negativa improvisada e inspirada pelos poetas árcades. Escrever e pintar a estrada tornou-se tarefa difícil, pois sentia náusea. Todavia não desisti e tirei a pedra do caminho para visualizar melhor o horizonte e chegar ao destino que conquistei um dia.
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