terça-feira, 29 de junho de 2010

No meio do caminho tinha um ônibus...

Simplesmente há morros em minha volta. Nunca imaginei escrever dentro de um ônibus com pessoas desconhecidas falando, rindo, ouvindo música em seus MPs.
A paisagem bucólica de Laranjais conquista-me com seu verde ressecado. Uma campainha horrorosa toca para avisar a partida. De volta à estrada, a letra estremece devido ao movimento do veículo coletivo. Pessoas de todas as idades entram e saem a cada lugar que passamos.
É interessante assistir aos cavalos galopando pela estrada de terra, ao gado em seu pasto se alimentando, aos trabalhadores cultivando a terra e às belas árvores pelo caminho. Tudo é uma perfeita calmaria em movimento. Parece arte primitiva querendo se transformar em roça, desenhando, ponto a ponto, a natureza. Isso leva-nos a crer que a vida pacata e simples do campo era valorizada para mostrar a beleza natural dos grandes poetas neoclássicos.
À medida que a viagem acontecia, a grande aventura árcade se realizava e nos fazia penetrar no mundo de Alberto Caeiro, o grande Guardador de Rebanhos. Há metafísica o bastante para penetrar o cotidiano simples de cada ser, já que retrata o ser humano em sua essência.
Aos poucos, com o movimento excessivo do ônibus percebo a realidade negativa improvisada e inspirada pelos poetas árcades. Escrever e pintar a estrada tornou-se tarefa difícil, pois sentia náusea. Todavia não desisti e tirei a pedra do caminho para visualizar melhor o horizonte e chegar ao destino que conquistei um dia.

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