terça-feira, 22 de junho de 2010

Insônias e reminiscências

Noite cai e as reminiscências permanecem estanques em pensamentos pouco sombrios. O sono não chega e adentro-me no marasmo da madrugada ao escutar tudo que me rodeia.
Levanto-me e vou à cozinha fazer um chá de capim-cidreira para trazer o sono a mim. Há momentos que ele foge excessivamente. Trata-se de uma busca constante, de uma luta árdua que travamos e que nem sempre se ganha a batalha.
Com o tempo acostuma-se a perder e a continuar de olhos abertos (e muitas vezes querendo fechá-los). O coração forte acelera-se e tudo se torna nostálgico, compassivo e inebriado pelos fatos ocorridos durante o período de insônia.
Lembrei-me da bala Hall’s de eucalipto em minha boca. Degusto-a para aquietar meus meros sentimentos fugazes – que vagam e entorpecem o amor que há em mim. Este se aparenta a um broto de palmito cuja degustação deve, lentamente, se aprimorar. Minha língua, pouco a pouco, roça a bala com tamanho fervor e teor excêntrico, misturando-se a saliva louca e embevecidamente.
Enquanto palavras e chá não procuram com afã um jeito melhor para dormir, tampouco se volvem em miscelâneas, crescem em mim o desejo de amar os teus olhos, pois se afiguram doces, suaves e meigos.

               Teus retratos guardam segredos os quais desconheço; no entanto, apaixono-me cada vez mais pelo lado lúgubre de teu ser. Confesso que cansei de vagar, de escrever palavras vãs e de buscar filosofias para te descobrir. Sinto tua falta em minha vida e não sei como expressar tamanha angústia. E me desfaço assim que teus olhos piscam suavemente. Devaneios chegam e atormentam-me. E o chá continua a minha espera: quente e pronto para ser saboreado.
Novas esferas de saber agem em mim. Converto-me sempre na trufa de pimenta assessorada aos verbos auxiliares que me aplacam de forma caustica para o sono voltar ao meu eu, a fim de que possa viajar e descansar para o dia seguinte. Assim, vive-se o amor irrealizável na expectativa de um dia concebê-lo ou alcançar mesmo tal graça.

Um comentário:

  1. Não resisti e fui conferir a sua insônia!
    Chá e olhos abertos, na escuridão que atormenta a alma. À noite tudo está à espreita e a espera pelo amor se torna mais visível, essa nem mesmo a ausência de luz encobre.

    ResponderExcluir