sábado, 10 de julho de 2010

Metalinguagem do poema: comunhão prosaica


Receitar e prescrever palavras não os forma em poesia, pois não há nenhum método claro para criá-la. Não basta juntar e agrupar palavras com significantes e significados, já que é preciso uni-las num verdadeiro elo significativo: voz.
Com efeito, alguém precisa falar e testemunhar o que será dito numa associação recíproca de dois ou mais organismos diferentes que lhe permite viver. E o laço se cria e recria numa vida em comum: palavra e voz. Esta é a impulsão, o eu lírico, o clamor, o brado de quem se fala. Enquanto aquela é a frase construída, é a forma que o verbo e o substantivo se entrelaçam para co-existir numa perfeita comunhão. Assim, tratar-se-á de uma promessa verbal, doutrinária, apresentando sons que articulam entre si e gerando essências poéticas. Enfim, produz-se o vocábulo e ele se permite falar.
Dessa forma, palavra e voz se combinam para engendrar o poema, uma vez que se sente a necessidade de explicar os termos numa perfeita metalinguagem: o poema é palavra e voz. Ele é uma estrutura que declara e diz algo para o leitor. Exprimem-se imagens por trás do pensamento. Exorta-se um tema e dar vida a “realidade” escrita. Aos poucos, compõe-se o verso particular do autor, cuja inspiração desperta o sentimento do belo e suas qualidades.

Nenhum comentário:

Postar um comentário