terça-feira, 20 de julho de 2010

Palavras dos abutres II

Palavra é sempre palavra, talvez seja por isso que criamos nomenclaturas para os abutres que nos envolvem 24h ou uma mera antonomásia a fim de filtrar o objeto desejado por meio da contiguidade. Sei que a antonomásia trata-se de uma simples metonímia quando substituímos um termo por outro afim. Ela designa um nome por outro, mas caracterizando-o e qualificando-o, por um feito ou fato que a distingue das demais. E assim ocorrem todos os dias ao meu redor, pois abutres voam, conforme havia falado em Palavra dos Abutres I, perambulam para destruir o alvo.
Houve um momento, precisamente em Niterói, tive que ouvir dentro do ônibus:
- Temos pessoas especializadas para matar - sussurrou uma pessoa ao meu lado pelo celular.
E logo em seguida uma voz masculina afirmou enfaticamente:
-Vamos te pegar! E jogaremos o cadáver em São Gonçalo.
E assim começa o conto. A aventura esquenta e esfria para chegar a um clímax. Criam-se personagens para mostrar a realidade cruel, desapontadora e, organizadamente, prontos para cometer um crime hediondo ou para apagar as palavras que deixo aqui.
Não sei até que ponto o comportamento humano é destruidor, corruptível, eversivo, demolidor e predatório. Não obstante, as aves de rapinas não só grasnam como também falam de forma invisível, em meio a transeuntes, com suas grandes tecnologias de voz e análise dela.
Com efeito, o objetivo deles é corromper, oprimir, reprimir, pressionar, recalcar, desesperar e enlouquecer exageradamente o ser. Todavia, há uma fortaleza ao meu redor. Eles confabulam entre si. Sempre há entremeadas vozes femininas e masculinas. Trocam de turno para azucrinar arduamente os tímpanos:
- Vou dar uma coça nele! - afirmou determinado uma voz masculina com seus podres poderes.
-Vou matar ele!!- responde outro com ódio supremo, mostrando a ira tosca e subversiva de um alucinado de forma sórdida, nojenta e repugnante.
- Salafrário não! Salafrário não! - ratificou enfatizando aquele que abusa do poder supremo da palavra e da ordem.
E assim sussurram, aos poucos, dicotomias falsas e falácias sem concatenação textual. Não basta somente acusar, ameaçar de morte, pois invadem meu espaço arduamente.
Não obstante, a vida continua. E se vive paulatinamente todos os dias, um de cada vez, a espera da ação inimiga. Enquanto isso, deixo a vida me levar em ordem, afinco e entusiasmo divino: junto de amigos, familiares, estudos, trabalho e blog.

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