domingo, 12 de dezembro de 2010

Cirandinha absorta

Tentei tudo que vinha em mente
e percebi que os meus versos emudeceram,
perderam a voz,
a simetria e tessituras foram surripiadas de leve
enquanto distraia-me com seus sussurros
trazia nos olhos pensativos
a renúncia vinda das brumas:
não quero mais a plena vida,
não peço nada em troca,
não reclamo mais da ausência da luz
que deslizava em ritmo frenético
e gratuito de cirandinha.


Como me enganei fugindo de mim
e desse amor que me assombra,
que me alucina, que me aliena,
que me entorpece e que me envenena
pouco a pouco numa imensa sofreguidão.
Não quero mais lembrar de seus lábios
tocando nos meus
e imprimindo uma orquídea de fogo e lágrimas.


Deixarei o navio partir de vez.
Talvez eu receio enfrentar
sua espada coruscante
para não me sangrar intensa e novamente
a ponto de me queimar,
de me ferir de forma torpe.
Seu retrato siderava em minha mente,
mas as palavras se tornaram pérfidas e invalidas.
Levou o tempo consigo, eu sei,
para que o Eu renunciasse
o sexo, o prazer e reminiscências.
Aglutinações se perderam,
se esvaíram, se desmancharam
e as cinzas findaram-se
numa revelação frontal,
sem limites e consciências,
a placidez do outro.








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