quinta-feira, 3 de junho de 2010

Avesso do avesso


Nesse mundo conturbado
não sei buscar a melhor e verdadeira identidade
nem o eu nem o outro se esconde de mim.
Tua face fugia de mim
e amanheci só,
sem seus olhos para contemplar
encontrei-me vazio.
Pura penumbra
havia em meu coração,
dilacerando-me
e queimando-me
paulatinamente.


Tentei fugir de mim e do outro,
porém não consegui.
Pensei em esperar
quando me pediu
mas vi que foram palavras vãs
e promessas não foram cumpridas
e tornaram-se meras e vazias.
Há alteridade nos escombros
Contrapondo-se à minha identidade.
Onde buscá-la?
Como a diluiu?
E os números e registros
de nossa imaginação
se perderam,
virando-se pelo avesso.


A tristeza concebeu o drama
e a melancolia a depressão.
Caí numa dimensão
além da metafísica
tentando buscar-me sem solução.
Até o dia em que seguraste
minha mão para eu prosseguir
e quando voltei a mim
nossos olhos se desencontraram
para que me cegasse
e deixasse minha vida um caos.
Lutei. E muito.
Mas não consegui, enfim, continuar
e na solidão permaneci.






Um comentário:

  1. A musa da Controvérsia27 de junho de 2010 às 22:24

    Tem dias que estamos tão sentimentais que fazemos um teatro. Li esse texto e senti isso. Dramático. Mas esse é um momento que todos tem direito: a expressão.

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