segunda-feira, 3 de maio de 2010

Conversão em Letras




Num entrelaçar de histórias, Rosivar Marra Leite em “O Escoteiro e o Lobinho” torna-se uma grande maga ao narrar belissimamente o passado. Isso mesmo: maga. Pois a autora utiliza o pretérito, que se reengendra e se reencarna em várias narrativas, e depois, como recriação, quando o leitor revive as imagens descritas das personagens por um narrador onisciente e observador, convoca-nos a adentrar nesse universo mágico e simples. Puro encanto!
Com efeito, a atitude da escritora, em uma obra direcionada ao público infantil, assemelha-se com a do mago, uma vez que ambos usam o princípio da analogia para exemplificar esteticamente o enredo por meio da sedução. Seria aqui as mangas roubadas do quintal da casa do senhor Cabral ou a bola que quebrava a vidraça de dona Mirinha a poção rítmica certa para enfeitiçar o leitor até o final do mistério da narrativa? Ou a criação do gnomo e o corte na orelha de Vavá, entremeado belissima e embevecidamente de poder, força e energia latente a fim de seduzir e sensibilizar aqueles que não viveram aquela “época dourada”, onde a simplicidade aplaca-nos e nos faz aderir àquele universo? Somente quem consegue a verdadeira varinha de condão descobre por que Bebeto permanecera perpétuo Lobinho.
Assim, ressuscita um anelo, algo revestido de ritmo, provocado por uma expectativa em ser escoteiro e de resgatá-lo como essência. Caberá agora ao leitor em decidir se pratica a conversão ao escoteiro das letras (lendo a obra) ou eternizar em seus corações o Lobinho.

Um comentário:

  1. Jander,
    Agradeço a belíssima resenha do meu livro.
    Chorei mais uma vez ao ouvi-la pelo telefone em sua própria voz! Não tenho palavras para descrever minha emoção, uma escritora sem palavras. Este é o verdadeiro poder das letras.

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